Três amigos de Piracicaba (SP),
decidiram ousar para torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. Além de acompanharem os jogos da primeira fase ao vivo no Catar, eles pintaram os cabelos de azul, verde e amarelo, para combinar com as cores da bandeira brasileira – e para cumprir uma aposta.
A ideia surgiu depois que um dos três jovens não conseguiu comprar ingressos para ver os jogos do Brasil na fase de grupos. Na aplicação para compra dos ingressos, nem todos os torcedores são aprovados – em alguns casos pode haver até sorteio se a procura for muito alta.
“Nós estávamos em três pessoas, cadastramos nós três, e apenas eu e mais um conseguimos dois jogos do Brasil. O terceiro integrante aqui do grupo não conseguiu nenhum jogo”, contou o advogado Caio Marques, de 28 anos.
A partir daí, o trio ficou desanimado, mas não desistiu. “A gente estava em um barzinho conversando, falando ‘que droga, não conseguiu para todo mundo, não era o ideal, a gente tem que conseguir os três ingressos para todo mundo’… E em uma brincadeira dessa a gente falou que se a gente conseguisse, pintava o cabelo da cor da bandeira do Brasil. Foi meio que uma promessa, uma piada.”
“Um mês depois a gente conseguiu todos os ingressos para todo mundo. E promessa de bar também é promessa, então a gente se viu obrigado a fazer essa brincadeira.”
Antes de partir para a viagem, os três pintaram os cabelos. Caio ficou com o verde, Daniel Martins, de 27 anos, com o azul e Victor Barbosa, de 27 anos, com o amarelo. O trio chama atenção por onde passa.
“Chama muita atenção, é engraçado até. Está sendo bastante inusitado porque tem ajudado a gente a entrar nos países que a gente passou, porque a gente não foi direto para o Catar. E todos os aeroportos que a gente passou os policiais de fronteira, de imigração, nos perguntam se a gente está indo para algum lugar, o que está acontecendo. Quando a gente fala que é para a Copa do Mundo, para torcer para o Brasil, todos acabam caindo na risada.”
Os três vão acompanhar os jogos da seleção na primeira fase
Depois, se o Brasil for classificado para as próximas etapas do torneio, retornam para torcer de casa.
Planejamento
A história de ir para uma Copa do Mundo começou bem antes do torneio no Catar para os três amigos de Piracicaba. “Sempre falamos em ir para a Copa. Nas últimas nunca aconteceu, a gente sempre falava, surgia o assunto, mas nunca conseguimos concretizar”, contou Caio.
“Em 2014 a Copa foi no Brasil e um arrependimento que nós três temos é de não ter ido em nenhum jogo. Na época eu lembro que o ingresso estava em um valor bem alto para a gente, éramos universitários e não tínhamos a condição necessária para acompanhar os jogos.”
Mas este ano foi diferente. Depois da promessa e de conseguirem os ingressos, de fato, começou a fase de planejamento. “A gente planejou bastante, também a parte econômica, a gente planejou tudo para fazer caber dentro do nosso orçamento”, afirmou.
Com tudo decidido, ingressos comprados, viagem planejada e cabelos pintados, o trio fez as malas e partiu. Segundo Caio, a expectativa este ano é a maior possível. “Ainda mais essa Copa que tem tudo para ser diferente, é uma cultura única. E a gente está realmente muito ansioso com essa viagem, faz um bom tempo que a gente só fala disso.”
Diferenças culturais
Marques conta que depois de decidirem ir para o Catar, pesquisaram um pouco sobre a cultura local para que pudessem viajar com tranquilidade, sem desrespeitar os costumes do país sede.
“Quando a gente definiu que ia, muita gente nos auxiliou, mandava conteúdo, coisas para a gente ficar por dentro. E um grupo de WhatsApp que a gente participou sobre a Copa do Mundo, de torcedores do Brasil, eles sempre mandavam umas dicas por lá. A gente ficou por dentro para que a gente possa curtir, comemorar e torcer da forma mais respeitosa possível com relação à cultura deles”, afirmou.
Além disso, o grupo, que tem o costume de beber, também comentou sobre a proibição de bebidas em estádios e redondezas. Segundo Caio, essa não foi uma preocupação deles.
“A gente está bem ciente dessa proibição, e para ser muito sincero não foi um fator que fez a gente reconsiderar a viagem, ou qualquer decisão que a gente tomou, porque não é para isso que a gente está indo. Estamos indo para acompanhar os jogos e curtir a festa do esporte. Lógico que seria muito legal contar com a bebida alcoólica, mas não é um requisito.”
O hexa vem?
O trio de amigos tem uma certeza em relação à Copa do Catar: o hexacampeonato é garantido para o Brasil. Eles entraram em um consenso sobre um palpite para a final:
“O hexa vem, tenho toda certeza, esse ano a gente merece muito. O nosso palpite para a final é Brasil e França, e a gente retribui os 3 a 0 que sofremos em 98.”