A busca por uma melhor qualidade de vida e flexibilidade no trabalho está ganhando força no Reino Unido, onde cada vez mais profissionais estão optando por semanas de trabalho comprimidas. Laura Etchells, residente de Hebden Bridge e mãe de dois filhos, é um exemplo dessa nova tendência. Ela reduziu sua jornada de trabalho para quatro dias semanais, uma mudança que trouxe benefícios significativos tanto para sua vida pessoal quanto profissional.
Trabalhando no setor editorial, Etchells afirma que sua decisão de compactar sua carga horária para quatro dias lhe permite economizar aproximadamente 350 libras (cerca de R$ 2,6 mil) mensais com creche e aumenta sua produtividade. “Os dias mais longos permitem que eu me envolva um pouco mais com as coisas”, diz ela, destacando que o tempo extra com os filhos e a economia financeira são grandes motivadores para essa escolha.
A recente iniciativa do Partido Trabalhista britânico em apoiar os direitos dos trabalhadores a horários mais flexíveis inclui a compressão das horas de trabalho. Desde abril, os funcionários têm o direito de solicitar uma jornada de trabalho reduzida desde a admissão, incluindo a opção de trabalhar por quatro dias em vez de cinco. No entanto, a implementação dessas mudanças pode ser desafiadora para os empregadores, que agora precisam justificar possíveis recusas a tais pedidos.
Enquanto algumas empresas, como a Emerald Publishing, têm adotado com sucesso a flexibilidade horária, outras enfrentam dificuldades. A chefe jurídica da Emerald Publishing, Emma Tregenza, observa que a compressão das horas pode resultar em dias mais longos e impactos negativos na equipe que não está em regime de horas comprimidas.
Por outro lado, Jason Magee, ex-funcionário da Cortex, uma empresa de software, teve uma experiência menos positiva com a compressão das horas. Ele relata que, após tentar uma semana de quatro dias com horários prolongados, encontrou dificuldades em manter sua produtividade. A empresa agora está testando uma abordagem alternativa com semanas de quatro dias de oito horas, o que tem mostrado melhores resultados.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também reconhece que, embora as semanas de trabalho comprimido possam melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a pesquisa sobre seus efeitos na saúde física e mental ainda é inconclusiva. Profissionais como a enfermeira de saúde mental Kelly Burton e o oftalmologista Peter Meacham, que adotaram semanas de quatro dias, relatam maior satisfação no trabalho e melhor qualidade de vida.
No entanto, Michelle Ovens, fundadora da Small Business Britain, expressa preocupações sobre a viabilidade da semana de quatro dias para pequenas empresas e setores que exigem operação contínua. Ela sugere que, embora as propostas do governo britânico não tornem obrigatória a semana de quatro dias, as empresas devem considerar outras formas de flexibilidade que melhor atendam às suas necessidades.
A tendência das semanas comprimidas está em crescimento, mas a adaptação a esse modelo pode variar de acordo com a natureza do trabalho e as necessidades individuais de cada empresa e profissional.