Os jogos eletrônicos de apostas, especialmente o conhecido “Jogo do Tigrinho”, têm causado sérios impactos na vida de muitas pessoas, levando ao vício e à perda de grandes quantias de dinheiro. O aplicativo se tornou uma verdadeira febre, principalmente entre os usuários de redes sociais, e está no centro de investigações que apuram possíveis golpes envolvendo o jogo.
O “Jogo do Tigrinho”, que funciona como um caça-níquel para celulares, viralizou devido à promoção de “táticas especiais” por influenciadores digitais que asseguram métodos para vencer o jogo. No entanto, especialistas alertam que a probabilidade de ganhar no jogo é praticamente impossível, sendo um sistema projetado para pagar prêmios muito menores do que o apostado.
De acordo com o especialista em ciência de dados Ricardo Perassolli, jogos de azar, como o “Jogo do Tigrinho”, são programados para garantir que os jogadores percam dinheiro. “Não há cálculo, habilidade ou estratégia que aumente a probabilidade de vitória. O jogo é matematicamente moldado para que quem jogue repetidamente perca tudo”, explicou. Perassolli destacou que a única forma de um jogador sair com algum ganho seria apostar uma única vez e retirar o dinheiro logo em seguida, sem tentar mais uma rodada.
Além dos danos financeiros, os jogos de azar eletrônicos também têm causado sérios efeitos no comportamento dos jogadores, sendo comparados a vícios como os de substâncias químicas. O psiquiatra responsável por estudar o impacto desses jogos no cérebro explica que o mecanismo de vício é semelhante ao da dependência de drogas e álcool. O jogo estimula uma área do cérebro ligada à sensação de prazer, criando um ciclo vicioso que leva os jogadores a desejarem mais, muitas vezes até com o risco de perder tudo.
Em depoimentos de pessoas afetadas, como um homem de 53 anos que chegou a perder R$ 350 mil no jogo, fica claro o impacto psicológico profundo. Ele relatou que a experiência foi como uma prisão sem muros, onde ele se sentia cercado por um “inimigo invisível”. “Você olha e não vê horizontes. A liberdade não existe no jogo”, contou, afirmando que o vício o levou a pedir empréstimos para esconder seus gastos da família.
Este cenário revela um alerta urgente sobre os riscos dos jogos de azar eletrônicos, que, além de prejudicar financeiramente, têm se mostrado um problema crescente de saúde pública, afetando profundamente os hábitos e a qualidade de vida dos envolvidos.