O Brasil alcançou uma marca histórica em 2023 ao registrar a menor taxa de mortalidade por Aids desde o início da série histórica, com 3,9 óbitos por 100 mil habitantes. Embora o número de casos de HIV tenha aumentado 4,5% em comparação a 2022, o país conseguiu manter a taxa de mortalidade baixa, graças ao avanço nos diagnósticos e à oferta de tratamentos mais eficazes.
Em 2023, foram diagnosticados 38 mil novos casos de Aids no Brasil. O aumento no número de casos é atribuído à maior capacidade de diagnóstico, principalmente com a introdução de novos testes rápidos e a ampliação do acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma das formas mais eficazes de prevenção ao HIV. A Região Norte liderou a taxa de detecção, com 26% dos casos registrados, seguida pela Região Sul, com 25%.
As principais cidades com as maiores taxas de detecção foram Boa Vista-RR, Manaus-AM e Porto Alegre-RS, com índices superiores a 45%. A maioria dos casos, aproximadamente 27 mil, foi registrada entre homens, e a faixa etária com maior incidência de Aids foi a de 25 a 29 anos, com 34% dos casos.
Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) deu início à distribuição de 4 milhões de testes rápidos DUO HIV/sífilis em 2023, permitindo a detecção simultânea de ambas as infecções com apenas uma gota de sangue. Essa iniciativa ampliou a cobertura de testagem precoce, especialmente no pré-natal, e facilitou o acesso ao tratamento oportuno.
O infectologista Renato Kfouri explicou que o aumento nos diagnósticos não significa um crescimento na epidemia, mas sim um reconhecimento mais precoce dos casos, o que contribui para tratamentos mais eficazes e redução da mortalidade. “Estamos reconhecendo mais casos na fase inicial, o que permite tratamento com mais qualidade e, consequentemente, menos mortes”, afirmou Kfouri.
A PrEP, que está disponível no SUS desde 2017, continua ganhando adeptos como uma importante ferramenta de prevenção ao HIV. O uso diário do comprimido pode oferecer até 99% de proteção contra o HIV, garantindo maior segurança a grupos vulneráveis à infecção.
Atualmente, o Brasil possui mais de 837 mil pessoas em tratamento contra o HIV, com 95% delas apresentando supressão viral. O Ministério da Saúde reforça que o país tem o compromisso de eliminar a transmissão vertical do HIV e da sífilis até 2030, com o objetivo de erradicar essas infecções entre gestantes e seus filhos.
Com essas estratégias, o Brasil continua avançando no combate ao HIV/Aids, ampliando o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento, além de investir em novas formas de prevenção.