O dólar atingiu um novo recorde nesta quinta-feira (19/12), alcançando R$ 6,30, mas recuou após o Banco Central realizar dois leilões de venda de dólares, totalizando US$ 8 bilhões. A intervenção foi eficaz, e a moeda americana voltou a ser negociada abaixo de R$ 6,20. Este é o terceiro dia consecutivo que a cotação do dólar ultrapassa os R$ 6,20.
A alta do dólar em 2024 consolidou o real brasileiro como a moeda mais desvalorizada entre as principais divisas do mundo. Desde o início do ano, o valor da moeda brasileira já caiu quase 21% em relação ao dólar, passando de R$ 4,85 em 1º de janeiro para R$ 6,12 em 18 de dezembro.
Entre as 20 principais moedas mais negociadas globalmente, apenas três não desvalorizaram diante da moeda americana, sendo elas o dólar de Hong Kong, o rand sul-africano e a libra esterlina britânica. Por outro lado, outras moedas emergentes, como o peso mexicano, a lira turca e o rublo russo, também sofreram desvalorização significativa.
Fatores que impulsionam a alta do dólar
A valorização do dólar no mundo inteiro está diretamente relacionada às altas taxas de juros adotadas pelo Banco Central dos EUA para controlar a inflação, que disparou após a pandemia. O aumento das taxas atraiu investimentos estrangeiros para os Estados Unidos, o que elevou a demanda pela moeda americana e resultou em uma oferta excessiva de outras moedas, como o real. No Brasil, a desvalorização da moeda tem sido acentuada desde novembro, com o real perdendo 7,3% de seu valor em relação ao dólar até 18 de dezembro.
O problema estrutural da economia brasileira, como a inflação, também contribuiu para o enfraquecimento do real. Com uma inflação acima da meta, o Brasil viu o Banco Central elevar as taxas de juros para tentar controlar os preços, mas os altos juros no Brasil não foram suficientes para conter a desvalorização do real.
Impactos no Brasil e projeções para 2025
A desvalorização do real reflete um cenário global e interno complexo. A política monetária mais restritiva nos Estados Unidos, aliada à incerteza política e econômica no Brasil, mantém as expectativas de alta do dólar. Para 2025, o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, sinaliza uma possível guerra comercial que poderia enfraquecer o dólar, mas a realidade econômica pode gerar o efeito contrário, com a moeda americana mantendo sua força.
No Brasil, apesar da intervenção do Banco Central e do aumento da Selic, a expectativa do mercado é de que o dólar possa cair nos próximos anos, mas a valorização do real deve ser limitada. Projeções indicam que, até o final de 2025, o dólar poderia ser negociado em torno de R$ 5,85, mas as incertezas sobre a economia global e interna ainda são grandes.