O estado de São Paulo registrou um número alarmante de feminicídios em 2024, com 226 casos confirmados de janeiro a novembro, o maior número desde o início da série histórica em 2015. A estatística revela um aumento de 16% em comparação com o mesmo período de 2023, quando ocorreram 195 feminicídios. Os dados foram coletados pela GloboNews com base em informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado.
Na capital paulista, o cenário é igualmente preocupante, com 48 feminicídios registrados até novembro de 2024, o maior número da história. O crescimento foi de 41% em relação aos 34 casos do mesmo período de 2023. Um dos episódios mais chocantes ocorreu no Centro de São Paulo, quando uma empresária foi morta a tiros pelo ex-marido, em plena luz do dia, na movimentada Ladeira Porto Geral, com o crime sendo filmado por câmeras de segurança.
A coordenadora do Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM), Silvana Mariano, aponta que o aumento nos números pode ser atribuído tanto ao crescimento da violência contra a mulher quanto a uma classificação mais precisa dos crimes pelas autoridades policiais. A socióloga destaca que muitos homicídios anteriormente classificados de forma equivocada, como homicídios comuns, agora são corretamente identificados como feminicídios.
“Há uma melhoria na identificação e classificação desses crimes, mas também percebemos uma subnotificação de casos, o que torna fundamental a capacitação das equipes policiais e a adequação dos protocolos”, afirmou Silvana Mariano.
Com a Lei do Feminicídio, promulgada em 2015, a pena para os responsáveis por esses assassinatos pode variar de 12 a 30 anos de prisão. A SSP de São Paulo, em nota, reforçou que tem monitorado atentamente as variações nos índices de feminicídios e ampliado seus esforços para combater esse tipo de violência. A secretaria também detalhou medidas como a criação de salas de atendimento humanizado e exclusivo para mulheres, como a Sala Lilás no IML e a ampliação das Delegacias de Defesa da Mulher com atendimento por videoconferência.
Apesar dos avanços nas políticas de proteção, especialistas alertam que o aumento no número de feminicídios reflete não apenas a escalada da violência, mas também a maior conscientização sobre a importância de tratar esses casos com a devida gravidade.