O câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal, é o terceiro mais comum no mundo, com cerca de 2 milhões de novos casos diagnosticados anualmente. Embora a maioria dos casos ocorra em pessoas com mais de 50 anos, nas últimas décadas, tem se observado um aumento alarmante no número de jovens diagnosticados com a doença, preocupando especialistas.
Em 2019, um estudo revelou que, em países com altos índices históricos de câncer de intestino, como os de alta renda, as taxas para pessoas acima de 50 anos começaram a se estabilizar ou até mesmo diminuir, resultado de programas eficazes de triagem de rotina. No entanto, o estudo também constatou um aumento significativo da doença em pessoas com menos de 50 anos, com a Noruega destacando-se, onde o risco de desenvolver câncer retal em jovens nascidos em 1990 foi cinco vezes maior do que em quem nasceu em 1920.
Estilo de Vida como Fator Predominante
Estudos recentes, incluindo uma análise de 50 países, confirmaram essa tendência crescente globalmente. Especialistas acreditam que fatores relacionados ao estilo de vida moderno, como dietas pobres em fibras e ricas em gorduras e carnes processadas, obesidade, tabagismo e consumo excessivo de álcool, estão impulsionando o aumento da doença entre os mais jovens.
A obesidade, em particular, tem sido associada ao câncer de intestino, especialmente entre crianças e adolescentes, cujas taxas de obesidade aumentaram significativamente desde a década de 1970. A obesidade também está diretamente ligada ao diabetes tipo 2, que por sua vez está aumentando o risco de desenvolvimento do câncer. A dieta ocidentalizada também afeta negativamente o microbioma intestinal, contribuindo para desequilíbrios que favorecem o crescimento de micróbios nocivos no intestino.
Importância do Diagnóstico Precoce
Uma das maiores dificuldades no diagnóstico precoce de câncer de intestino em jovens é a falta de programas de triagem para pessoas abaixo de 50 anos e a pouca conscientização sobre a doença nessa faixa etária. Os sintomas mais comuns, como dor abdominal, fezes com sangue, mudanças nos hábitos intestinais e perda de peso inexplicável, são frequentemente ignorados, o que leva a diagnósticos mais tardios e prognósticos mais graves.
Especialistas recomendam a adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios, uma dieta equilibrada e o abandono do tabagismo e consumo excessivo de álcool para reduzir os riscos de câncer de intestino. O diagnóstico precoce e a triagem adequada são fundamentais para um melhor prognóstico, especialmente para os mais jovens.
Sarah Allinson, professora do Departamento de Biomédica e Ciências da Vida da Lancaster University, ressalta a importância de se atentar aos sintomas e adotar mudanças no estilo de vida para prevenir essa doença devastadora.