Em 2024, o Brasil enfrentou uma crise de queimadas sem precedentes, com mais de 30 milhões de hectares queimados, o que representa um aumento de quase 80% no número de focos de incêndio em comparação ao ano anterior. O estudo do MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira (22), mostra que a destruição atingiu principalmente a vegetação nativa, com destaque para a Amazônia e o Cerrado, sendo o bioma amazônico o mais afetado, com 60% da área devastada.
Os incêndios, que ocorreram principalmente entre agosto e setembro, cobriram diversas cidades brasileiras com fumaça, incluindo Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Velho. O Cerrado teve a maior área queimada, com cerca de 10 milhões de hectares destruídos, e 85% dessa área era de vegetação nativa. No Pantanal, a situação também foi grave, com quase 2 milhões de hectares queimados.
Especialistas apontam que o aumento das queimadas foi impulsionado pela seca prolongada, exacerbada pelo fenômeno climático El Niño. Contudo, a ação humana é identificada como a principal causa dos incêndios, com atividades criminosas e práticas inadequadas de manejo do fogo. A coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, destaca que os governos precisam investir mais em prevenção, alertando que a recuperação dos biomas afetados pode levar anos. “Prevenir é mais barato que controlar o fogo depois”, afirma.
O estudo do MapBiomas também foi citado pelo ministro Flávio Dino, que determinou que os governadores dos estados da Amazônia e Pantanal informem as ações adotadas em 2024 para combater os incêndios criminosos e desenvolvam planos emergenciais de conscientização sobre o manejo integrado do fogo.
Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, acrescentou que a maior parte dos incêndios foi provocada, com destaque para os incêndios criminosos, e que a seca histórica piorou ainda mais a situação. O governo já está adotando medidas preventivas, como a contratação de brigadas para enfrentar os incêndios nos próximos meses, especialmente em estados como Roraima, que enfrentam uma seca severa.