À medida que envelhecemos, o enfraquecimento dos membros inferiores pode afetar tanto a mobilidade quanto a saúde do cérebro, com riscos de quedas e até de demência. Fortalecer os músculos desde a juventude é essencial para garantir uma velhice saudável e ativa.
Com o passar dos anos, a perda de massa muscular e força é inevitável, iniciando-se por volta dos 30 anos e acelerando após os 50. Talita Cezareti, especialista em Gerontologia e Educação Física, explica que, após essa idade, a perda de massa pode chegar de 1% a 2% ao ano. Ela destaca que, para um envelhecimento saudável, é essencial trabalhar a prevenção e fortalecer os músculos desde cedo. “Precisamos combater esse declínio desde os 30 anos, para que, aos 80 ou 90 anos, possamos manter a autonomia e a qualidade de vida”, afirma.
Além de melhorar a mobilidade, os exercícios de fortalecimento dos membros inferiores também têm impacto positivo na saúde cognitiva. Estudos recentes demonstraram que pessoas com maior força nas pernas apresentaram menor declínio cognitivo, o que reforça a conexão entre o fortalecimento muscular e a preservação da função cerebral.
Talita explica que a força nas pernas está diretamente ligada à eficiência do transporte de oxigênio e nutrientes para o cérebro, o que contribui para a preservação das funções cognitivas. A prática de exercícios de resistência, como musculação, pilates ou treinamento funcional, aumenta a produção de fatores neurotróficos que ajudam a prevenir a neurodegeneração, reduzindo o risco de doenças como a demência.
Entretanto, a fraqueza muscular não afeta apenas a saúde cognitiva. A sarcopenia, condição que reduz a força e a massa muscular, é um dos principais fatores para o aumento das quedas, fraturas e perda de independência em idosos. Além disso, o sedentarismo pode resultar em problemas metabólicos e cardiovasculares, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas.
A especialista alerta para a importância do treinamento de força para manter a autonomia. Exercícios resistidos, como musculação ou outras atividades físicas que trabalhem a musculatura dos membros inferiores, devem ser praticados pelo menos duas a três vezes por semana, sempre com acompanhamento profissional para evitar lesões.
Para quem não se sente confortável em ambientes como academias, alternativas como pilates, treinamento funcional, ou até exercícios simples em casa, podem ser igualmente eficazes para preservar a força muscular e, consequentemente, a qualidade de vida na terceira idade.
Além dos treinos de força, pequenas atitudes diárias, como levantar-se da cadeira a cada hora para se alongar ou realizar alguns movimentos simples, também ajudam a manter a saúde muscular e cognitiva ao longo dos anos.
Com a crescente longevidade da população, conforme apontam os dados do IBGE, mais do que prevenir doenças, fortalecer os músculos é um investimento na autonomia e na qualidade de vida durante o envelhecimento.