O uso crescente das redes sociais no Brasil, onde muitos compartilham sua rotina, viagens e ostentar bens de luxo, como carros, joias e viagens internacionais, tem despertado a atenção da Receita Federal. O órgão tem utilizado a tecnologia para cruzar dados financeiros com informações públicas, como publicações em redes sociais, para identificar indícios de sonegação de impostos. Viagens, bens de alto valor e gastos elevados que não correspondem à declaração do Imposto de Renda podem levar à fiscalização, alerta a advogada Giovana Naya, especialista em planejamento tributário.
A Receita Federal já monitora as redes sociais há anos, sendo que, desde 2017, o órgão tem identificado contribuintes que publicam informações que não condizem com os dados da sua declaração fiscal. Em 2019, por exemplo, a Receita apreendeu 60 celulares e 100 relógios inteligentes de um empresário em São Paulo que estava ostentando os produtos nas redes sociais, levantando suspeitas de sonegação. Além disso, a omissão de rendimentos continua sendo um dos principais motivos para cair na malha fina, com quase 30% das declarações de 2024 apresentando erros nesse sentido.
Com o prazo para envio da declaração do Imposto de Renda de 2024 se aproximando, a Receita Federal continua a usar suas ferramentas de fiscalização, que incluem cruzamentos de mais de 160 filtros de dados, desde movimentações financeiras até gastos com educação e despesas médicas. Esses dados são analisados por supercomputadores e inteligência artificial, permitindo ao Fisco monitorar e identificar discrepâncias que podem indicar sonegação. O alerta é claro: postar a rotina de luxo nas redes sociais pode resultar em problemas com o Fisco se os dados não coincidirem com a declaração do Imposto de Renda.