O Ministério da Saúde anunciou a produção da primeira vacina nacional contra a dengue, chamada Butantan-DV, que traz avanços significativos para o combate à doença. A vacina será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Americano e a farmacêutica MSD, e será aplicada em um esquema vacinal de apenas uma dose, o que deve facilitar a adesão da população, especialmente entre os adolescentes. A vacina é tetravalente, protegendo contra os quatro tipos de dengue, e demonstrou 79,6% de eficácia geral em testes. A expectativa é que ela esteja disponível para a população em 2026, após avaliação da Anvisa.
Apesar dos avanços, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Mônica Levi, alertou que o volume de 60 milhões de doses previstas para 2025 ainda será insuficiente para vacinar toda a população brasileira. O Programa Nacional de Imunizações precisará definir um público-alvo prioritário, com foco nos grupos mais vulneráveis, como os idosos. Levi também destacou a importância da vacina ser produzida no Brasil, o que oferece maior autonomia e reduz o risco de desabastecimento, além de permitir maior controle na distribuição durante surtos ou epidemias.
Atualmente, a vacina QDenga, da farmacêutica japonesa Takeda, está sendo aplicada nos postos de saúde em adolescentes de 10 a 14 anos, nas cidades com maior incidência da dengue. Mônica Levi espera que novos estudos do Butantan-DV revelem a eficácia e segurança da vacina também entre os idosos, que são os mais afetados pela mortalidade pela doença. Além disso, a especialista lembra que, embora a vacina ajude a reduzir a disseminação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, é essencial continuar com as medidas de prevenção ambiental para controlar a proliferação do mosquito.