O avanço da inteligência artificial (IA) está moldando o mercado de trabalho de forma acelerada, criando novos postos de trabalho, mas também eliminando alguns setores tradicionais. Profissões como operadores de call center e tradutores estão entre as mais afetadas, enquanto áreas como tecnologia da informação, marketing digital, ciência de dados e assistência virtual começam a florescer. Um estudo da PwC, por exemplo, aponta que até 2037, a IA pode gerar cerca de 2,7 milhões de empregos no Reino Unido. Ao mesmo tempo, 75% dos consumidores acreditam que a tecnologia já está transformando a forma como as empresas oferecem seus serviços, de acordo com uma pesquisa da Zendesk.
O impacto da IA não é uniforme, e especialistas como o professor Evandro Eduardo Seron Ruiz, da USP, destacam tanto as vantagens quanto os desafios dessa mudança. A IA está gerando novos empregos, especialmente em setores ligados à tecnologia, mas também eliminando funções baseadas em tarefas repetitivas, como vigilância, segurança e algumas análises administrativas. Para se adaptar a esse novo cenário, o professor alerta que os trabalhadores precisam investir em alfabetização digital, adaptabilidade e flexibilidade, adquirindo habilidades essenciais para operar as ferramentas tecnológicas emergentes.
Em relação aos impactos econômicos, o professor Luciano Nakabashi, também da USP, prevê um crescimento no longo prazo, com a IA impulsionando a produtividade e criando novas oportunidades de emprego. No entanto, ele adverte que, no curto prazo, algumas áreas podem enfrentar dificuldades, especialmente em países como o Brasil, que ainda não estão totalmente preparados para essas transformações. Nakabashi sugere que a requalificação profissional é fundamental para que trabalhadores e empresas aproveitem as vantagens competitivas trazidas pela IA.
O papel da educação também é crucial nesse processo. O professor José Eduardo Santarem Segundo, especialista em Tecnologia da Informação, defende que o sistema educacional precisa se adaptar rapidamente para formar profissionais capazes de lidar com a IA em todas as áreas. Ele sugere a inclusão de disciplinas focadas em inteligência artificial nos currículos acadêmicos, além da criação de três linhas principais de formação: computação, matemática e estatística, infraestrutura computacional e ciência de dados. Com essas adaptações, os profissionais estarão mais preparados para aplicar IA de forma estratégica e inovadora em suas áreas.