As enchentes provocadas pela cheia do Rio Capivari têm afetado os moradores de Capivari/SP desde a década de 1970, e, até hoje, o problema continua sem solução definitiva. A localização geográfica da cidade, ocupações irregulares e a falta de obras adequadas são apontadas como as principais causas da persistência das enchentes, que prejudicam constantemente a vida dos capivarianos.
O Rio Capivari nasce em Jundiaí/SP e corta a cidade de Capivari, que é a mais plana e está localizada mais próxima de sua foz, em Tietê/SP. Além de ser drenada pelo próprio rio, a cidade também recebe o volume de chuva das cidades vizinhas, como Campinas/SP. Esse cenário geográfico favorece a ocorrência de alagamentos, intensificados pela ocupação de áreas de preservação permanente (APP) nas margens do rio.
Segundo a Agência PCJ, responsável pelas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, quando o nível do Rio Capivari está baixo, o volume de chuvas em Campinas pode inundar Capivari em apenas 12 horas. A situação é agravada pelo acúmulo de lixo nas margens do rio, o que reduz a capacidade da calha e contribui para o aumento das enchentes.
A cidade de Capivari enfrenta outro desafio: cerca de 1.200 casas estão localizadas em áreas de risco, próximas ao leito do Rio Capivari, ocupando áreas que, de acordo com a legislação, são irregulares por se situarem em APP. Sérgio Razera, diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, alerta que a impermeabilização dessas áreas deve ser evitada e sugere que a prefeitura retire as residências dessas regiões de risco.
O prefeito de Capivari, Vitão Riccomini, defende que as famílias afetadas pelas inundações ocuparam essas áreas quando a legislação permitia a construção, e enfatiza que, além de estarem regularizadas com matrículas e pagamentos de impostos, o município não possui recursos financeiros para desapropriar as casas e resolver o problema de forma definitiva.
Em resposta à crise das enchentes, a atual gestão apostou no desassoreamento do Rio Capivari e de dois ribeirões afluentes, uma medida que resultou na retirada de três mil toneladas de lodo. No entanto, apesar de melhorias iniciais, as inundações voltaram em 2025, um reflexo das mudanças climáticas que, segundo o prefeito Riccomini, têm se intensificado e causado danos em todo o Brasil.
Para tentar conter o problema, a Agência PCJ investiu em um estudo nos 15 municípios cortados pelo Rio Capivari. O plano de macrodrenagem, que recebeu mais de R$ 1 milhão em investimentos, foi entregue aos municípios, que agora precisam apresentar projetos detalhados para obter recursos financeiros para as obras necessárias. Entre as propostas está a construção de diques no bairro Moreto, em Capivari, para evitar que as águas do rio invadam as residências.
Embora o prefeito Vitão tenha solicitado o projeto ao PCJ e esteja pleiteando estudos sobre macro e microdrenagem, ele não revelou prazos para a conclusão dos estudos e a implementação das obras. E enquanto isso, os moradores continuam enfrentando os danos das enchentes recorrentes.