A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 1,31% em fevereiro, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior índice para um mês de fevereiro desde 2003 e o maior desde março de 2022, quando o IPCA havia registrado 1,62%.
A ausência do desconto na conta de luz, que ajudou a conter a inflação em janeiro, foi o principal responsável pela aceleração do índice. A alta da energia elétrica, que subiu 16,8% em fevereiro, representou um impacto de 0,56 ponto percentual no IPCA. Esse aumento foi resultado do fim do Bônus Itaipu, que concedeu descontos na conta de luz em janeiro e ajudou a manter a inflação baixa no primeiro mês do ano.
Além da energia elétrica, outro item que pesou no orçamento das famílias foi a educação. As mensalidades escolares, em especial no ensino fundamental, médio e pré-escola, subiram 4,7%, com impacto de 0,28 ponto percentual no índice geral. A alta das mensalidades ocorre anualmente no início do ano letivo e foi um dos maiores responsáveis pela elevação do IPCA.
Por outro lado, a alta dos alimentos foi mais comedida em fevereiro, desacelerando para 0,70% (ante 0,96% em janeiro). Embora os preços de itens como café e ovos tenham aumentado significativamente, os impactos sobre a inflação como um todo foram menores.
No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,06%, ultrapassando a meta de inflação do governo, que é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. De acordo com o novo modelo de acompanhamento da meta, que avalia os 12 meses imediatamente passados, fevereiro foi o segundo mês consecutivo em que o IPCA ficou fora da tolerância estabelecida.
Entre outros fatores que influenciaram o índice de fevereiro, destacam-se também os reajustes no transporte, com a gasolina e o diesel mais caros, e o aumento nos custos de habitação, principalmente devido ao impacto da energia elétrica. Em relação ao índice de difusão do IPCA, que mede a proporção de produtos e serviços que tiveram aumento de preços, 61% dos subitens pesquisados registraram alta.
O cenário de inflação mais alta reflete a pressão de itens essenciais como energia e educação, que afetam diretamente o bolso do consumidor. A expectativa é que a inflação continue a ser um desafio para as famílias brasileiras nos próximos meses.