Na última terça-feira (11), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a suspensão das operações da Voepass, após o trágico acidente aéreo ocorrido em 9 de agosto de 2024, quando um avião ATR-72-500 da companhia caiu em Vinhedo, a cerca de 80 km de São Paulo, resultando na morte de 62 pessoas.
Em relatório preliminar, o Cenipa (Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) revelou que, no voo fatal, o avião enfrentou sérios problemas relacionados à formação de gelo, algo comum nas altitudes em que a aeronave voa. A falha no sistema de expulsão de gelo das asas comprometeu a estabilidade da aeronave, que perdeu sustentação e caiu. Esse tipo de acidente, conhecido como “parafuso chato”, é extremamente raro na aviação comercial.
A medida da Anac gerou grande repercussão, e para entender melhor os bastidores da companhia e os motivos que levaram à suspensão, o Fantástico entrevistou um mecânico que trabalhou na Voepass antes e depois do acidente. Ele relatou falhas graves nas condições de manutenção da empresa, afirmando que a Voepass não oferecia o suporte adequado aos profissionais de manutenção e que, apesar de alertas sobre problemas com a aeronave que caiu, a alta direção insistia para que o avião seguisse voando. Além disso, o mecânico destacou irregularidades nos procedimentos de manutenção, como a canibalização de aeronaves, prática que, embora comum, foi executada de forma inadequada na Voepass.
Em imagens obtidas pela reportagem, é possível ver aviões cobertos com lona em um matagal em Ribeirão Preto, onde a empresa tem uma base. Segundo o mecânico, os aviões estavam sendo escondidos para evitar fiscalização da ANAC.
Em resposta às acusações, a Voepass afirmou, em nota, que sempre priorizou a segurança em seus 30 anos de operação. A companhia negou as irregularidades mencionadas, defendendo que a reutilização de peças entre as aeronaves é legal, desde que haja a devida certificação e rastreabilidade. A empresa também contestou as alegações sobre o encobrimento de aviões e afirmou que segue todos os protocolos regulatórios.
Enquanto a investigação sobre o acidente segue em andamento, a suspensão das operações da Voepass levanta dúvidas sobre a real situação de segurança e manutenção na companhia, que busca retomar as atividades o mais rápido possível.