Angélica Hodecker, uma cabeleireira de Santa Catarina, teve sua vida transformada por um diagnóstico devastador: câncer de colo de útero. Com apenas 30 anos e recém-casada, ela enfrentava o dilema de um tratamento radical que ameaçava seu sonho de ser mãe. Ao ser diagnosticada com um dos cânceres mais comuns entre as mulheres, Angélica se viu diante de decisões difíceis e urgentes, sendo uma delas a retirada do útero, o que colocaria fim ao seu desejo de engravidar.
A busca por alternativas a levou a realizar uma série de procedimentos. Após uma conização (cirurgia para retirar a parte do colo do útero afetada), o câncer ainda persistiu, obrigando-a a realizar quimioterapia e radioterapia, tratamentos que a tornariam infértil. Mas Angélica não desistiu. Em sua busca por alternativas para preservar a fertilidade, ela conheceu uma técnica inovadora de transposição uterina, desenvolvida pelo cirurgião Reitan Ribeiro, que poderia permitir-lhe manter o útero e, assim, o sonho de ser mãe.
A transposição uterina envolve uma cirurgia para reposicionar o útero e outros órgãos reprodutivos no abdômen, afastando-os da radiação durante o tratamento contra o câncer. Essa cirurgia experimental, realizada com sucesso em 2021, foi uma solução inédita para Angélica e abriu portas para outras mulheres com câncer ginecológico que desejam preservar a fertilidade.
Após passar por radioterapia e quimioterapia, e realizar o procedimento de transposição uterina, Angélica se surpreendeu com uma gravidez espontânea em 2022. Apenas cinco meses após o tratamento, ela descobriu que estava grávida naturalmente, um feito inusitado, já que a médica havia sugerido a fertilização in vitro devido a complicações com o colo do útero. Em 24 de dezembro de 2022, ela deu à luz Isabel (Bebel), uma menina saudável, nascida com 2,2 kg e 43 cm, e com um nascimento que se tornou parte importante da literatura científica.
Hoje, a história de Angélica é um símbolo de superação, e seu relato é reconhecido na literatura médica, trazendo esperança para outras mulheres que enfrentam o câncer e buscam preservar a fertilidade. “Foi mágico. Não quero romantizar a maternidade, mas cheguei a pensar que não poderia viver isso um dia”, disse a mãe de Bebel, emocionada com a realização de seu sonho.