Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Cornell e financiado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) revelou que o queijo cru produzido com leite de gado infectado com o vírus da gripe aviária H5N1 pode abrigar o vírus por meses e representar um risco à saúde pública. A pesquisa, que investiga a estabilidade do vírus em produtos lácteos, alerta para os riscos de consumir alimentos crus ou mal cozidos, especialmente durante o atual surto de gripe aviária.
A produção de queijos de leite cru envolve o uso de leite não pasteurizado, o que significa que ele não passa por um tratamento térmico que mataria possíveis germes. Embora a lei federal nos Estados Unidos proíba a venda de leite cru entre estados, o queijo de leite cru pode ser vendido legalmente no país, desde que tenha sido maturado por pelo menos 60 dias. Esse processo de maturação, que foi considerado eficaz na redução do risco de contaminação, pode não ser suficiente para inativar o vírus da gripe aviária, segundo os pesquisadores.
O estudo revelou que, durante a maturação do queijo, o vírus H5N1 permaneceu infeccioso por até dois meses, mesmo em condições ideais de pH. Embora especialistas como Robert F. Kennedy Jr., secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, tenham afirmado que a gripe aviária não é transmitida por alimentos, o estudo aponta que o consumo de produtos contaminados, como queijo de leite cru, pode representar um risco, especialmente considerando os casos de infecção em animais e, possivelmente, humanos.
Os pesquisadores realizaram experimentos utilizando leite contaminado com o vírus H5N1, produzindo queijos em diferentes níveis de pH para observar a estabilidade do vírus. Os resultados mostraram que, enquanto a acidez maior (pH 5,0) foi capaz de inativar o vírus, os queijos em pH mais alto mantiveram o vírus infeccioso por meses. Esse achado foi corroborado por testes em queijos de fazendas que haviam utilizado leite de vacas infectadas.
Embora não tenha sido confirmado que o consumo de queijo cru possa resultar em infecção humana, o estudo alerta para o risco, especialmente com a circulação de novas cepas do vírus, como a D1.1, associada a casos humanos graves. Em resposta, os especialistas reforçam que a pasteurização continua sendo o método mais seguro para garantir que o leite e seus derivados não transmitam o vírus.
O FDA já iniciou um estudo de amostragem de queijos crus comercializados, com resultados até agora indicando que a maioria das amostras testadas não foi feita com leite contaminado. Ainda assim, os especialistas destacam a importância de consumir apenas produtos pasteurizados para minimizar os riscos à saúde.
Por fim, o estudo reforça a importância da vigilância contínua e da educação sobre os riscos do consumo de leite cru e seus derivados durante períodos de surtos de doenças como a gripe aviária, sugerindo que os consumidores optem sempre por produtos lácteos pasteurizados como medida de segurança.