Mayara Christiny Teixeira Samora tem 25 anos e é um exemplo de dedicação e superação. Formada em Recursos Humanos, atualmente cursa Serviço Social e já concluiu duas pós-graduações. Além disso, trabalha em uma multinacional e não pretende parar por aí: seus próximos passos incluem aprender inglês e se especializar em educação especial. Para ela, tudo isso não é apenas uma questão de esforço pessoal, mas sim resultado da inclusão e apoio recebidos desde os primeiros dias de vida.
Diagnosticada com Síndrome de Down, Mayara recebeu desde cedo atendimentos especializados, como fonoaudiologia, terapia e, claro, muito incentivo da família. O desenvolvimento e a autonomia que ela conquistou ao longo da vida são um reflexo de como a construção da independência de pessoas com deficiência deve começar cedo e depender, fortemente, do apoio familiar e da sociedade.
O papel da família e da inclusão
Em celebração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado nesta sexta-feira (21), o g1 conversou com Mayara e com o neurocirurgião do Hospital da PUC-Campinas, Aguinaldo Pereira Catanoce, que também é pai de uma criança com a mesma condição. Para Aguinaldo, o diagnóstico de Síndrome de Down é muitas vezes visto com incertezas e desafios pelos pais. No entanto, ele destaca que a deficiência não deve ser encarada como uma sentença de fracasso, mas sim como uma condição que, com o suporte adequado, permite conquistas significativas.
“Às vezes enfrentamos dificuldades em nossa própria vida e aprendemos a desenvolver novas habilidades. Quem nasce com Síndrome de Down também tem esse potencial. Não devemos limitar o futuro dessas pessoas”, explica Aguinaldo.
A importância da rede de apoio
A inclusão escolar, junto ao apoio familiar, é fundamental para que uma pessoa com Síndrome de Down possa alcançar uma vida autônoma e independente. O neurocirurgião afirma que a construção de um ambiente estimulante, com acompanhamento especializado e incentivo à autonomia, são fatores essenciais para que essas pessoas desenvolvam suas habilidades e ampliem suas oportunidades.
Mayara, com o suporte da família e da escola, já se tornou um exemplo de sucesso. Durante sua trajetória acadêmica, contou com a ajuda de uma professora de educação especial para adaptar atividades de acordo com suas necessidades, o que permitiu um desenvolvimento social e acadêmico pleno.
Síndrome de Down não é doença
Outro ponto importante abordado por Aguinaldo é o equívoco comum de classificar a Síndrome de Down como uma doença. A condição, na verdade, é uma alteração genética, caracterizada pela trissomia do cromossomo 21, e não limita o potencial de uma pessoa. O neurocirurgião destaca que, apesar de trazer características físicas e cognitivas específicas, a síndrome não deve ser vista como um impeditivo para a construção de uma vida plena.
“A sociedade precisa entender que ninguém deve ter seu futuro definido por uma condição genética. O que realmente faz a diferença são as oportunidades e os estímulos que as pessoas recebem ao longo de suas vidas”, conclui Aguinaldo.
A história de Mayara é uma prova de que, com a rede de apoio certa, as pessoas com Síndrome de Down podem e devem ter as mesmas oportunidades e a chance de conquistar uma vida ativa e independente.