Após aumentos recordes que chegaram a quase 40% nos primeiros meses de 2025, os preços dos ovos no mercado brasileiro apresentaram uma queda na segunda quinzena de março, conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). O recuo se deu devido à redução na demanda, que tradicionalmente acontece neste período do mês. No entanto, a falta de estoques excedentes nas granjas impede uma queda mais acentuada nos preços.
Em fevereiro, as cotações dos ovos chegaram a disparar em várias regiões produtoras. A falta de oferta, agravada pela escassez de ovos no mercado interno e o impacto do calor extremo nas galinhas, foi um dos principais fatores para esse aumento. Durante o período da Quaresma, a demanda por ovos tende a ser mais alta devido à menor procura por carnes, o que eleva os preços ainda mais. Apesar disso, espera-se que, após esse período, os preços comecem a diminuir.
De acordo com dados do Cepea, a produção nacional de ovos para consumo atingiu um novo recorde em 2024, com 3,83 bilhões de dúzias, um aumento de 11,5% em relação ao ano anterior. No entanto, o aumento nos custos de produção, especialmente com insumos como milho e farelo de soja, dificultou a rentabilidade dos produtores. A alta nos preços desses insumos, de 12% em fevereiro, segue impactando os custos de produção.
Além disso, o calor intenso e prolongado, que afeta a produtividade das galinhas, também foi um fator importante na elevação do preço. Segundo a zootecnista Gisele Neri, as altas temperaturas reduzem a quantidade de ovos e comprometem sua qualidade, com cascas mais finas, o que aumenta o desperdício e as perdas. Com a escassez de oferta e a alta procura por ovos, os preços, que já haviam registrado aumentos significativos entre janeiro e fevereiro, devem continuar sob pressão no curto prazo.
Em regiões como Bastos (SP) e Santa Maria de Jetibá (ES), a cotação da caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos ultrapassou os R$ 230 no início de 2025. Para os produtores, a escassez de galinhas mais produtivas e a maior demanda pelo produto geram dificuldades para atender todos os pedidos, o que mantém os preços elevados.
A perspectiva é que os preços de ovos comecem a cair após a quaresma, período em que a demanda tende a reduzir. O Cepea aponta que a combinação entre uma oferta mais equilibrada e uma demanda menos aquecida deve ajudar na estabilização dos preços no segundo trimestre de 2025.