O fotógrafo Fábio Teixeira, natural de Piracicaba (SP), conquistou o prêmio de fotografia na 42ª edição do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha 2025, com o projeto “Os Desabrigados da Humanidade”. A premiação, promovida pela agência de notícias EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, reconhece os melhores trabalhos jornalísticos da Espanha e América Latina, com a participação de 256 inscrições de quase 20 países.
O projeto vencedor é um relato fotográfico sobre o cotidiano de pessoas em situação de rua no Rio de Janeiro que trabalham com lixo e reciclagem. Fábio passou sete meses registrando a realidade de um grupo vulnerável, composto por homens, mulheres e crianças, que enfrenta a negligência de direitos humanos essenciais, como moradia, saúde, educação e trabalho digno.
A imagem vencedora retrata uma mulher deitada em um colchonete na rua, com partes do corpo enfaixadas e os olhos cobertos por um tampão devido a uma infecção ocular resultante de um quadro de tuberculose. Fábio explicou que, apesar de estar em recuperação, a mulher teve sérios problemas de visão durante o período de trabalho com o lixo. O fotógrafo ressaltou a dureza do cotidiano dessas pessoas, que convivem com a morte, doenças e atropelamentos, especialmente devido à proximidade com a movimentada Avenida Brasil.
O júri do prêmio foi presidido por Miguel Ángel Oliver, presidente da EFE, e contou com a participação de jornalistas de Portugal, Panamá, Argentina, México e Espanha. Fábio foi o único brasileiro a conquistar uma das premiações desta edição.
Para Fábio, que se inscreveu 14 vezes no prêmio antes de ser finalmente reconhecido, a vitória representa a realização de um sonho. Em entrevista, ele afirmou que a aproximação com as pessoas que fotografou foi crucial para o sucesso do trabalho, garantindo a confiança necessária para documentar suas histórias de forma verdadeira e respeitosa. O projeto contou com o texto de Mirna Wabi-Sabi, que complementou as imagens com uma narrativa sensível.
A fotografia não é o primeiro prêmio conquistado por Fábio Teixeira. Em novembro de 2024, ele foi vencedor na categoria principal do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024 do Festival de Fotografia Documental, com o mesmo projeto. A premiação do Rei da Espanha incluirá um prêmio de 10 mil euros (cerca de R$ 63 mil) e custeio das despesas de viagem e estadia para que o fotógrafo receba o prêmio das mãos do próprio rei, em Madrid, em data ainda a ser definida.
A relevância do trabalho de Fábio é destacada por Mônica Bento, vice-presidente da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo (Arfoc-SP). Para ela, o jornalismo documental desempenha um papel fundamental na formação da opinião pública, permitindo que as pessoas compreendam e reflitam sobre realidades muitas vezes invisíveis, como a vida de quem vive nas ruas e enfrenta condições extremas de sobrevivência.
O trabalho de Fábio Teixeira é um exemplo de como a fotografia pode ser uma poderosa ferramenta para dar voz a quem é invisibilizado pela sociedade, ao mesmo tempo em que promove uma reflexão profunda sobre as desigualdades sociais.