As redes sociais estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, e a ação de “rolar o feed” se tornou quase automática para muitos usuários. Porém, os efeitos desse hábito podem ser prejudiciais para a saúde mental. O psicólogo Cristiano Nabuco, especialista em dependências tecnológicas, explica o que acontece no cérebro e oferece dicas para quem deseja mudar essa rotina.
A reação do cérebro à rolagem infinita
A rolagem infinita, que foi popularizada por redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter, foi criada para melhorar a experiência do usuário, permitindo uma navegação contínua, sem interrupções. No entanto, o psicólogo alerta que essa função acaba desencadeando uma série de efeitos negativos no cérebro, especialmente por ativar o sistema dopaminérgico, responsável pela sensação de prazer e recompensa.
“Cada vez que a pessoa rola o feed, ela recebe uma nova notificação, curtida ou informação, o que faz com que o cérebro libere dopamina, criando uma sensação de prazer. Isso é muito parecido com os efeitos do jogo de azar, onde a pessoa espera sempre algo bom, mas nem sempre encontra”, explica Nabuco.
O impacto das redes sociais: imposição e urgência
Além da resposta bioquímica, o psicólogo aponta que as redes sociais também impõem um consumo contínuo e muitas vezes irracional de conteúdo. Características como o autoplay, onde vídeos começam a rodar sem que o usuário tenha dado permissão, e as notificações constantes, acabam gerando uma sensação de urgência, o que dificulta a desconexão.
“Não somos mais nós que decidimos o que consumir, mas as plataformas que nos conduzem de uma maneira impositiva. Isso cria uma escalada de ansiedade, fazendo com que o hábito de rolar o feed se torne quase incontrolável”, afirma Nabuco.
5 dicas para desacelerar o hábito de rolar o feed
Para quem deseja mudar esse comportamento, Nabuco sugere algumas estratégias práticas:
- Estabelecer horários sem telas: Desligue dispositivos entre 30 minutos e 1 hora antes de dormir, evitando que a luminosidade interfira no sono e permitindo um relaxamento mental.
- Ativar alertas de tempo de uso: Use as ferramentas de controle de tempo das redes sociais ou aplicativos específicos para monitorar o tempo gasto nas plataformas.
- Não usar as redes sociais como fuga: Evite recorrer às redes sociais como válvulas de escape durante momentos de tédio ou desconforto emocional. Elas devem ser usadas para pausas, não como substitutas de outras atividades.
- Mudar aplicativos importantes para a segunda tela: Coloque apps que você mais usa em uma segunda tela do celular para diminuir a tentação e os gatilhos de urgência.
- Modo não perturbe e em outro ambiente: Em momentos de concentração, deixe o celular em outro ambiente ou ative o modo não perturbe, ajudando a manter o foco e reduzir a distração.
Ao adotar essas práticas, é possível recuperar o controle sobre o tempo de uso das redes sociais e melhorar a qualidade da interação com o mundo digital.