O suor é uma função essencial do corpo humano para regular a temperatura interna. No entanto, a relação entre o suor e o famoso “cecê” (cheiro forte) gera muitas dúvidas e questionamentos. A dermatologista Alessandra Romiti, assessora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), esclarece alguns dos principais mitos e verdades sobre o assunto, além de sugerir alternativas para quem sofre com o desconforto do suor excessivo e seu odor.
1. Todo suor tem cheiro?
Mito. O suor em si não tem cheiro. O corpo humano possui dois tipos de glândulas sudoríparas: as écrinas, que estão espalhadas por todo o corpo, e as apócrinas, localizadas nas axilas, região genital, ao redor dos mamilos e na área perianal. As glândulas apócrinas produzem um suor mais rico em proteínas, o que facilita a proliferação de bactérias e fungos, gerando um odor mais forte. Já o suor das glândulas écrinas, quando em condições normais, é composto principalmente por água e não possui cheiro.
2. É possível pegar o “cecê” de outra pessoa?
Mito. O mau cheiro causado pelo suor é fruto da ação das bactérias na pele. Não é possível transmitir o “cecê” de uma pessoa para outra como acontece com doenças contagiosas, como a gripe. No entanto, se uma pessoa usar roupas com o suor de outra já impregnado, o cheiro pode ser transferido temporariamente.
3. Alimentos como alho e cebola deixam o suor com cheiro forte?
Verdade. Alimentos como alho e cebola contêm substâncias que podem ser eliminadas pelo suor, alterando seu odor. Essa mudança no cheiro é diferente da bromidrose, que é caracterizada por um cheiro forte causado pela degradação de microrganismos.
4. Certas roupas podem piorar o cheiro do suor?
Verdade. Tecidos sintéticos não permitem uma evaporação eficiente da umidade, o que mantém a região mais úmida e favorece a proliferação de bactérias e fungos. Optar por roupas de algodão ou tecidos mais respiráveis pode ajudar a minimizar o odor.
5. Desequilíbrios hormonais podem influenciar o suor e o odor?
Verdade. Alterações hormonais, como as que ocorrem na adolescência, podem intensificar a produção de suor e modificar a composição da microbiota da pele, favorecendo a bromidrose.
6. Suar mais significa ter mais odor?
Depende. A hiperidrose, que é o aumento da produção de suor, pode ou não estar associada ao mau cheiro. O excesso de suor cria um ambiente úmido, o que favorece a proliferação de microrganismos responsáveis pelo odor, intensificando-o.
7. Um lado do corpo pode suar de forma diferente?
Verdade. A distribuição das glândulas sudoríparas e a microbiota da pele podem variar, fazendo com que um lado do corpo transpare mais ou menos do que o outro, embora em geral o suor das axilas e dos pés tenha uma produção mais regular.
8. A hiperidrose compensatória acontece sempre?
Depende. A hiperidrose compensatória, quando o corpo aumenta a produção de suor em outras áreas após tratamento de regiões com suor excessivo, ocorre com mais frequência após tratamentos mais invasivos, como a simpatectomia. Com a aplicação de toxina botulínica, esse efeito é menos comum.
Em resumo, é possível tomar medidas simples, como escolher as roupas certas e ficar atento aos alimentos consumidos, para controlar o suor e o odor corporal. Para quem enfrenta dificuldades, tratamentos médicos estão disponíveis, mas a orientação de um especialista é sempre fundamental.