A música gerada por inteligência artificial (IA) tem ganhado cada vez mais espaço no mercado fonográfico. A plataforma de streaming Deezer revelou que quase 20% das faixas enviadas para o serviço agora são produzidas exclusivamente por IA, o que representa cerca de 20 mil músicas por dia. Esse número dobrou nos últimos três meses, evidenciando a crescente influência da tecnologia na criação musical.
De acordo com Aurelien Herault, CEO da Deezer, a IA generativa pode trazer benefícios para a criação e o consumo de música, mas é essencial adotar medidas responsáveis para proteger os direitos e as receitas de artistas e compositores. Para lidar com o aumento das faixas automatizadas, a Deezer implementou uma ferramenta que detecta músicas geradas por IA, mesmo aquelas criadas por sistemas como Suno e Udio.
O crescimento da música por IA tem sido impulsionado por plataformas como o Jukebox, da OpenAI, que permite que qualquer pessoa, mesmo sem habilidades musicais, crie faixas completas em minutos. Isso levou a um aumento do conteúdo automatizado nas plataformas de streaming, como Deezer, Spotify e Apple Music.
No entanto, o uso de IA na música tem gerado controvérsias. O Spotify permite o envio de músicas geradas por IA desde que o autor detenha os direitos autorais e siga as diretrizes da plataforma. Por outro lado, a Apple Music adotou uma postura mais restritiva, exigindo créditos específicos de produtor e executivo para as faixas, o que pode dificultar o upload de músicas totalmente criadas por algoritmos.
O rápido crescimento das músicas geradas por IA levanta questões sobre o futuro da música e do mercado fonográfico. Como equilibrar inovação e proteção legal? Qual o papel dos artistas humanos em um ecossistema onde a criação musical é em grande parte dominada por máquinas? Com 100 mil novas faixas lançadas a cada dia, o uso de IA representa um novo desafio para os músicos, que precisam se destacar em um mar de “vozes” geradas por algoritmos.