A expressão “O Papa é Pop” se popularizou no Brasil a partir dos anos 1990, mas você sabe de onde ela veio? A frase virou sinônimo da ideia de que até mesmo figuras religiosas podem ser transformadas em ícones midiáticos — e nasceu como uma crítica afiada da banda Engenheiros do Hawaii ao consumismo e à espetacularização de tudo, até da fé.
Lançada em 1990, durante o papado de João Paulo II, a música O Papa é Pop usa o rock para levantar reflexões sobre como a cultura moderna transforma o sagrado em espetáculo. Um dos versos mais marcantes diz: “O pop não poupa ninguém”, reforçando que até o Papa, símbolo de tradição e espiritualidade, pode ser “absorvido” pelo mercado e pelas massas.
A letra também faz referência direta ao atentado sofrido por João Paulo II em 1981, com o verso “O papa levou um tiro à queima-roupa”, destacando a vulnerabilidade da figura religiosa dentro de uma sociedade que tudo consome e transforma em entretenimento.
Além disso, a música critica como a religião é apresentada, por vezes, como um produto turístico e comercial. A frase “Toda catedral é populista, é pop // É macumba para turista” resume essa visão de um mundo em que até a fé pode ser mercantilizada.
Mais de 30 anos depois de seu lançamento, a música segue atual, provocando reflexões sobre a exposição pública das figuras religiosas e a força da cultura pop em moldar percepções — inclusive daquilo que deveria ser, teoricamente, intocável.