O mercado de cigarros eletrônicos no Brasil segue crescendo, apesar da proibição imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Em 2024, a venda clandestina desses produtos alcançou números alarmantes, com um aumento de 153% nas apreensões realizadas pela Polícia Rodoviária Federal.
Somente neste ano, foram confiscadas mais de 620 mil unidades de cigarros eletrônicos, em comparação com cerca de 240 mil em 2023. Esses dados indicam um aumento significativo no mercado ilegal, que continua a desafiar a proibição da Anvisa.
Riscos à Saúde e ao Comércio Ilegal
Especialistas alertam sobre os riscos associados ao consumo de cigarros eletrônicos não regulamentados. Além dos conhecidos efeitos da nicotina, há relatos de que substâncias perigosas como anfetamina e THC — o principal componente psicoativo da cannabis — estão sendo misturadas aos produtos, colocando ainda mais em risco a saúde dos usuários.
A falta de controle sobre a fabricação e comercialização desses produtos tem criado um cenário ainda mais perigoso do que a própria manutenção da proibição. Sem regulamentação, não há garantias sobre a qualidade dos dispositivos e dos líquidos utilizados, o que agrava a situação de segurança pública e saúde.
Debate sobre a Regulamentação
Enquanto muitos países já adotaram regulamentações rigorosas para a produção e venda de cigarros eletrônicos, o Brasil mantém sua postura proibitiva. A regulamentação no Brasil, que continua sendo debatida, envolve opiniões divergentes.
Alguns especialistas defendem que a Anvisa perdeu a oportunidade de atualizar sua postura sobre os cigarros eletrônicos, considerando os avanços na ciência e tecnologia no campo, já que muitos países, como os Estados Unidos, implementaram sistemas de controle de produtos eletrônicos com a participação de suas agências reguladoras, como a FDA (Food and Drug Administration). Nos Estados Unidos, todos os novos produtos de cigarros eletrônicos precisam ser aprovados antes de serem comercializados.
Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) permanece em posição contrária à legalização, tratando os cigarros eletrônicos como uma ameaça à saúde pública e recomendando que sejam regulamentados da mesma forma que os produtos de tabaco convencional.
A Caminho de uma Solução?
No entanto, há um consenso crescente entre os especialistas de que uma regulamentação eficiente poderia ser a chave para garantir a qualidade e segurança desses produtos, protegendo os usuários e prevenindo o consumo entre aqueles que nunca tiveram contato com a nicotina. A discussão continua aberta e precisa ser acompanhada de perto para assegurar um futuro mais seguro para a saúde pública no Brasil.