O Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS IJ) de Campinas (SP), especializado em saúde mental de crianças e adolescentes, registrou um aumento de 52,5% na procura por seus serviços nos últimos seis anos. Em 2019, foram realizados 310 atendimentos, número que subiu para 472 em 2024.
Segundo o médico psiquiatra Rafael do Nascimento Manrique, diretor técnico da Associação Cândido Ferreira, responsável pela unidade, o crescimento pode ser atribuído à maior conscientização da população sobre a importância da saúde mental e à redução do preconceito em relação ao tema. Apesar do avanço, o especialista destaca que ainda há muito a ser feito para ampliar o acesso e combater o estigma.
O CAPS IJ atende exclusivamente crianças e adolescentes com menos de 18 anos, tanto por demanda espontânea (portas abertas) quanto por encaminhamentos de outros serviços de saúde do município. Manrique enfatiza que a intervenção precoce, durante esse período considerado crítico do desenvolvimento, pode impactar positivamente o futuro do paciente.
“O melhor ganho que a gente tem, de uma maneira bem simples, é a ressocialização, é preparar esse indivíduo para conseguir conviver em sociedade de maneira harmônica, conseguir exercer seus direitos de ir e vir. Todo atendimento é voltado a essa adaptação”, afirma.
A autônoma Regiane Cerqueira compartilhou sua experiência ao buscar o serviço para a filha de 11 anos. “Antes, achava que era normal algumas situações, mas aqui vi que era uma dificuldade dela, não era o que eu pensava. Aqui ela conversa, vê outras crianças”, relatou.
Cada criança ou adolescente que chega ao CAPS IJ passa por uma avaliação inicial de acolhimento. A partir disso, é construído um Projeto Terapêutico Singular (PTS), personalizado conforme as necessidades do paciente. Esse plano pode incluir atendimentos individuais, atividades em grupo ou ambos, dependendo da queixa e do diagnóstico clínico.
“O projeto terapêutico individual pode conter ou não atividades de grupo, individuais, e isso vai de acordo com a necessidade específica para tratar aquela queixa, aquele problema que esse paciente está sendo encaminhado para cá”, explica Manrique.