Na meia-idade, muitas pessoas percebem que a cintura começa a se expandir, tanto em homens quanto em mulheres, e até agora o motivo por trás desse fenômeno não estava completamente claro. Porém, um estudo recente, publicado no dia 25 de abril na renomada revista científica Science, fornece novas evidências sobre o que realmente acontece no corpo à medida que envelhecemos e por que a gordura abdominal tende a aumentar.
A pesquisa foi conduzida pela City of Hope, uma das principais organizações de pesquisa e tratamento de câncer dos Estados Unidos. Segundo os cientistas, o processo de envelhecimento leva ao aumento da produção de novas células de gordura, especialmente na região abdominal.
Os pesquisadores descobriram que o envelhecimento não apenas faz com que as células de gordura existentes aumentem de tamanho, mas também estimula a produção de novas células de gordura. Isso ocorre principalmente ao redor da barriga, resultando no aumento da gordura abdominal, comum entre pessoas de meia-idade e idosos.
Como o estudo foi realizado?
Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores fez uma série de experimentos com camundongos, cujos resultados foram depois validados em células humanas. O foco principal foi o tecido adiposo branco, que é responsável pelo ganho de peso relacionado à idade. Embora seja sabido que as células de gordura aumentam de tamanho com o passar dos anos, os cientistas suspeitavam que o corpo também produzia novas células de gordura conforme envelhecemos.
Para testar essa teoria, os cientistas transplantaram células-tronco do tecido adiposo branco (conhecidas como APCs) de camundongos mais velhos para camundongos jovens. Os resultados foram claros: as APCs dos camundongos mais velhos produziram uma quantidade significativa de novas células de gordura, enquanto as APCs dos camundongos mais jovens não mostraram essa capacidade quando transplantadas em camundongos mais velhos.
Esse resultado foi crucial, pois mostrou que as APCs dos camundongos mais velhos têm uma capacidade aumentada de gerar novas células de gordura, independentemente da idade do animal receptor.
A descoberta das células CP-A
Além disso, os pesquisadores também identificaram um novo tipo de célula-tronco, chamado pré-adipócito comprometido específico para a idade (CP-A), que surge com o envelhecimento. Essas células, encontradas principalmente em camundongos mais velhos, são responsáveis pela produção de novas células de gordura, explicando o ganho de peso observado em indivíduos mais velhos.
O estudo também revelou o papel essencial de uma via de sinalização chamada receptor do fator inibitório da leucemia (LIFR), que impulsiona a multiplicação e evolução dessas células CP-A. Em camundongos mais velhos, a presença do LIFR foi fundamental para a produção de novas células de gordura, especialmente na região abdominal.
Implicações para a saúde humana
Após os experimentos com animais, os pesquisadores realizaram uma análise em células humanas e descobriram que, em pessoas de meia-idade, havia um aumento no número de células CP-A. Essas células em humanos também apresentaram uma capacidade aumentada de produzir novas células de gordura, especialmente na área abdominal.
Essa descoberta abre portas para futuras terapias e tratamentos contra a obesidade relacionada ao envelhecimento. De acordo com os pesquisadores, controlar a formação dessas novas células de gordura pode ser crucial para melhorar a saúde metabólica e combater os problemas relacionados ao ganho de peso na meia-idade.
“Ao entender o papel das células CP-A no envelhecimento e na obesidade, podemos começar a desenvolver novas soluções médicas para reduzir a gordura abdominal e melhorar a saúde geral e a longevidade”, afirmou Qiong (Annabel) Wang, coautora do estudo.
Com esses novos insights, os pesquisadores esperam criar terapias mais eficazes para combater os efeitos do envelhecimento na distribuição de gordura, oferecendo novas opções para melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas mais velhas.