Um estudo recente realizado no Reino Unido e publicado nesta segunda-feira (5) na revista científica Nature Human Behavior revelou que adolescentes com problemas de saúde mental entre 11 e 19 anos tendem a passar mais tempo nas redes sociais do que aqueles sem transtornos. A pesquisa envolveu 3.340 jovens, sendo que 16% deles haviam sido diagnosticados com pelo menos uma condição de saúde mental.
De acordo com os pesquisadores, as conclusões desse estudo podem ser fundamentais para o desenvolvimento de intervenções clínicas mais eficazes para adolescentes que enfrentam problemas psicológicos. Os dados apontaram que os adolescentes com as piores condições de saúde mental relataram um aumento médio de aproximadamente 50 minutos diários nas redes sociais em comparação com os que não tinham diagnósticos de saúde mental.
Além disso, esse grupo com problemas de saúde mental demonstrou uma menor satisfação com o número de amigos que possuíam nas redes sociais, revelando também um maior impacto negativo em seu humor com o feedback online, como curtidas, compartilhamentos e comentários.
O estudo também descobriu que condições como depressão e transtorno de ansiedade estavam fortemente relacionadas ao maior uso de mídias sociais, além de comportamentos como comparações constantes com outras pessoas. O uso excessivo das redes também parece ter um impacto no bem-estar emocional, sugerindo que o feedback recebido online pode ter um efeito mais significativo sobre o humor dos jovens que enfrentam tais transtornos.
Embora os resultados ofereçam novas perspectivas sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, os cientistas enfatizam que mais pesquisas são necessárias para confirmar se realmente há uma relação causal entre o uso das redes sociais e as condições psicológicas.
Essa pesquisa se soma a uma série de estudos que vêm explorando o impacto das redes sociais na saúde mental. No ano passado, um relatório brasileiro indicou que 43,5% dos brasileiros que passam mais de três horas por dia nas redes sociais têm diagnóstico de ansiedade. Estudos anteriores já haviam identificado problemas como alterações na autoimagem, maior exposição ao cyberbullying, e a dependência digital, que afeta negativamente o bem-estar psicológico, social e acadêmico.
Pesquisas realizadas também apontam que a redução do uso de redes sociais pode ter um impacto positivo na autoestima e na imagem corporal, como mostrou um estudo na Universidade de York, no Reino Unido. Além disso, cientistas da University College London alertam que a dependência da internet pode levar a alterações cerebrais que impactam o comportamento dos adolescentes, aumentando as tendências de dependência e prejudicando a saúde mental.
O estudo sobre a relação entre saúde mental e redes sociais continua sendo uma área crucial de pesquisa, especialmente para entender as possíveis intervenções que possam melhorar o bem-estar dos jovens no mundo digital.