Piracicaba (SP) ficou na oitava colocação entre as cidades do Estado de São Paulo com maior número de acidentes de trabalho em 2022. Isso, de acordo com o levantamento do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, com base nas Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT) registradas no Instituto Nacional do Seguro Social.
Além disso, segundo dados do Sistema de Vigilância dos Acidentes de Trabalho (Sivat), o município teve um aumento de 44% no número de mortes, em comparação com 2020 e o ano passado. No ranking nacional, Piracicaba ficou na 21ª colocação entre as cidades que mais tiveram acidentes de trabalho. Lembrando que, de acordo com o IBGE, a cidade é a 17ª mais populosa do estado, e a 61ª mais populosa do país.
Limeira, Santa Bárbara d’Oeste e Rio das Pedras são outros municípios da região que aparecem entre as 100 cidades com mais acidentes de trabalho registrados. Por outro lado, Capivari ocupou apenas 134ª posição do ranking estadual, e a 437ª colocação no ranking nacional, com 214 notificações em 2022.
O écnico em segurança do trabalho do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) da cidade de Piracicaba, Alessandro José Nunes da Silva, lista três cenários para comentar o número de casos. No primeiro, No caso de indústrias, ele aponta como fator de risco o trabalho com movimentação de cargas.
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Pega muito a mão, ou nos casos de rompimento de cinta, deslocamento, passando peça por cima do trabalhador, rompendo algum cabo de aço. Então, as medidas [de segurança] nas movimentações de carga: é super importante a utilização dos equipamentos, checagem, manutenção, um controle muito maior nesse processo”.
Disse técnico em segurança do trabalho do Cerest da cidade de Piracicaba, Alessandro José Nunes da Silva
Já nos setores de comércio e serviço, ele cita os trabalhos de deslocamento com motos. “”É um fator muito muito presente nos acidentes de trabalho e isso tem contribuído (para o aumento dos casos). Então, medidas de adequação da moto, de circulação, de criar regras para garantir as seguranças dos motociclistas”.
O terceiro caso que o mesmo comentou é dos trabalhadores informais, que considera o mais difícil de alcançar com medidas de segurança. “A gente tem visto umas características assim: senhores idosos perdendo trabalho no setor da indústria, caldeireiros e soldadores, que vão realizar trabalho de manutenção no setor da construção civil e caem de altura por uma questão de idade e por outras medidas de segurança”, completou o técnico.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústrias da Construção e do Mobiliário de Piracicaba e Região (Sinticompi), Milton Costa aponta que, em tal setor, o aumento nos índices tem relação com o crescimento na quantidade de obras na cidade.
E nós estamos sentindo falta mão de obra qualificada e isso tem gerado uma dificuldade no treinamento, no cumprimento da NR 18, e no tempo para os trabalhadores se adequarem para prestar serviço”.
Explicou Presidente do Sinticompi, Milton Costa
A Norma Regulamentadora (NR) 18 é a responsável pela fiscalização das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Além disso, Milton confirmou que o Sinticompi realiza um trabalho preventivo e de fiscalização junto com Cerest. O Ministério Público e Ministério do Trabalho também participa da ação.
Ainda, o Presidente da entidade informou que recebe denúncias “quase todo dia” e realiza fiscalização no local. Dessa forma, notificando e gerando relatórios para apresentação a outros órgãos. Além disso, o sindicato também participa de projetos de alfabetização e qualificação dos trabalhadores, que acontecem em parcerias com o Senai e associações de construtoras