No recente relatório intitulado “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”, a Organização não governamental – ONG Think Olga expõe um preocupante cenário de saúde mental para as mulheres brasileiras no pós-pandemia de COVID-19. Os dados revelam que cerca de 45% das mulheres no Brasil têm diagnostico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais.
Entre os problemas mentais, a ansiedade é o mais predominante, afetando seis em cada dez mulheres. A pesquisa, realizada com 1.078 mulheres de 18 a 65 anos. Abrangendo todos os estados brasileiros entre 12 e 26 de maio de 2023, com uma margem de erro de 3 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%.
“O relatório não surpreende porque são dados que já sabíamos que aconteciam, ou seja, as mulheres estão cansadas e sobrecarregadas”, observou Maíra Liguori, diretora da Think Olga. A falta de acesso a cuidados específicos agrava a situação, levando a maioria a recorrer a atividades físicas ou religião para lidar com os transtornos. A insatisfação abrange várias áreas da vida, especialmente questões financeiras e a sobrecarga de múltiplas tarefas.
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O estudo visa entender as estruturas que contribuem para o sofrimento das mulheres. Assim abrangendo desde a sobrecarga de trabalho até o esgotamento causado pela economia do cuidado. O que assim abrange todas as atividades relacionadas à manutenção da vida. A situação financeira e a capacidade de equilibrar diferentes aspectos da vida receberam as menores notas de satisfação nas entrevistas.
Com 38% dos lares tendo mulheres como únicas ou principais provedoras, muitas delas enfrentam insatisfação financeira. Além disso, a desigualdade na divisão das tarefas domésticas também é evidente: mulheres gastam quase o dobro de tempo em comparação com os homens.
O impacto é mais profundo entre cuidadoras e mães solos, onde a restrição financeira afeta significativamente a saúde mental. O relatório destaca a “feminização da pobreza” como resultado da sobrecarga de cuidados. Os padrões de beleza e o medo de violência também afetam a saúde mental das entrevistadas.
No entanto, há um desejo crescente de abordar a saúde mental. 91% reconhecem sua importância, e 76% estão buscando ativamente cuidar da sua saúde emocional, especialmente após a pandemia. Nana Lima, co-diretora da Think Olga, destaca a necessidade de ações do setor público, sociedade civil e setor privado para um futuro mais saudável para as mulheres.